segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Duas noites, um dia.

"As ilusões são para a alma o que a atmosfera é para a terra."
Virginia Woolf


Morena conseguiu me levar até o quarto. Eu estava quase desmaiada. Não existiam forças em minhas pernas; eram muitas informações para uma mente tão perturbada como a minha. Após uns minutos deitada em minha cama, Morena me trouxe um chá de camomila. Seu chá era tônico para meus devaneios. O chá e tudo que vinha dela. De fato, estava segura, e poderia contar com sua ajuda e sua sabedoria; Morena era sábia como poucas. Sabedoria que não era encontrada nos bancos das universidades, era sabedoria que a vida dava. Sabedoria que poucas pessoas tinham.
Porém, os esforços de Morena para tentar baixar a minha febre, que só aumentavam se esgotavam. Ora, eu não estava doente fisicamente. Era a minha alma que penava, sofria, debruçada diante de um poço de problemas indissolúveis. Não sofria doença do corpo, sofria doença de espirito.
E enquanto Morena me cuidava, meus pais preocupados comigo, já chegavam do baile. Quase morri quando ouvi os passos de mamãe a subir as escadas. Em hipótese alguma ela poderia saber o que havia acontecido, ela nunca poderia entender os motivos do retorno de Davi. Por isso eu contava com Morena... minha velha amiga teve que fazer aquilo que mais detestava nos homens; mentir. Mentir para mamãe naquele momento e dizer que estava tudo bem, e que eu já estava dormindo era a melhor solução. E assim aconteceu.
E sob os cuidados de Morena, passei a pior noite da minha vida. 



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