quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

indefinições.

‎"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando [...] Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada. Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro... "


[Clarice Lispector]


Por hora a gente vive do que escreve. Bota pra fora as dores, as cores e os devaneios. Até porque não teria a menor graça escrever sobre o cotidiano comum. Bom mesmo é ver as palavras brilharem, é sentir o incomodo das pessoas...
Queria Deus eu não me importasse. Queira Deus fosse realmente simples. A verdade, é que não gosto de simplismos. Sou sagitariana, sou feita de excessos.  

Andressa Virgínia

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Ano do Dragão.

Este é um relato atemporal de mim mesma. Não há personagens, não há outras vozes. Há um grito. Um grito de quem iniciou o ano do dragão com muitas historias para contar. Esta pessoa que escreve poderia sim, ser considerado um personagem, no entanto, há implicações que me elevam a patamares maiores que este. Há sangue nas veias, e dor. Muita.
Eu cai. Literalmente. Meus pensamentos caíram, minha voz caiu, um grito afogado de lágrimas e más interpretações foi o que me restou. Alias, há de restar. Essa historia não tem final, aguas que não são de março, mas sim de dezembro, retrocederam. Dezembro, um mês que não volta. Assim como a musica cantada, e as palavras ditas, que uma vez dita são tatuagens dos ventos, só existem na respiração e na memoria das pessoas.
No entanto meu caro, meu êxtase não está em encontrar outras pessoas, não está em deitar-me a relva de ares quentes. Meu êxtase está no escrever. No sentir faltar-me sangue nas mãos, elas estão frias, como se eu escrevesse e morresse ao mesmo tempo, o que, de fato, existe. Escrevo para morrer em mim. Só assim renasço em outras vidas, com outros ventos.
As vezes, quando se torce o tornozelo, torcem-se outras coisas. E nesse vai-e-vem de quedas e dor, a gente acaba ficando mais tempo do que se esperava. A gente desfaz e faz mais laços que planejava. E passa madrugadas esperando acordar e ter um bom motivo para continuar.
Há muito no que aprender na solidão. Porque não há solidão quando aprendemos a estar-em-si. A viver-de-si. Mesmo que não existam bons almoços nos dias que se seguem. Eu si disso, porque eu sou isso. A incoerência difícil de dias difíceis.
E Deus, na sua infinita existência, presenteia-me todos os dias com o dom da possibilidade. Sim, caro, eu cai. E as dores de quedas como essa são bem ruins e dolorosas, no entanto, eu já estou pronta. Para cair novamente quem sabe, mas não para aguentar as mesmas desculpas, os mesmos relatos fracos. Eu tenho mil e uma cicatrizes. Mais uma, é mais uma história. E mais uma história é mais uma cicatriz, eis o preço que eu pago para pode enxergar com mais clareza, para poder crescer.
Eis o ano do dragão. Eis o fim e o inicio. Dezembro de fim e Janeiro de inicio. E agora é Fevereiro, e o carnaval, há de fazer-me bailarina de mim.

“[...]Passo as tardes tentando lhe telefonar...
Cartazes te procurando,
Aeronaves seguem pousando, sem você desembarcar[...]”

Andressa Virgínia