Não é de se estranhar que ela seja assim. Ela diz que
prefere a casa vazia, que prefere ouvir seus próprios passos, ela deseja falar
só. Porque ela só consegue se concentrar no silencio do vento que invade o
quarto e embala seus sonhos.
Ela que vivia na colorida presença cheia da gritaria diária,
prefere hoje, colorir seus dias ao sabor da ventania das janelas, prefere
concordar, acordar e discordar de seus pensamentos, e acha muito digno, dar nós
bem apertados nas tristezas e jogá-los pela janela, onde os carros correm em
suas corridas contra o tempo. Quando a casa está vazia ela canta junto com os pássaros
canções que nunca ouviu.
E essas janelas desta casa silenciosa, sempre estão abertas.
Para o entra e sai da ventania das palavras, e dessas poesias de uma
(des)poeta. E não creia, caro, que assim
ela é infeliz, ao contrario! Ela é bem feliz assim. Vai entender? São coisas da
vida...
Andressa Virgínia