E então você chegou. Forte, imponente, metade gente metade
cavalo. Chegou pra me recordar de um passado que nunca tive. E lá você de novo
mexer no que me esforcei tanto pra esquecer. Você vem fazer ventania nos meus
pensamentos, me fazer dançar, e, acredite me fazer pensar em destruir um império,
só meu, que construí através dos anos. Eu sei bem do que você é capaz. Você é
liberdade pura. Teimosia, valentia, exagero, arrogância, vento no rosto e
sereno da noite. Você é lua minguante que sorri pra mim. Você é aquilo que me roubaram,
você me rege até sem querer. E quando
você vem, passa como um furacão, forte, determinado e presente. E fica. Fica em
mim durante semanas, impregnado como perfume barato, torturante como música
ruim. Você fica pra me fazer lembrar que esse mundo não me pertence. Você fica
pra me fazer lembrar que você não me pertence. E assim como o verão maltrata
meu sertão, você vai maltratando meus dias, que ficaram descoloridos depois que
você chegou, e saiu. Você vai e eu fico. Vai ser sempre assim. Não se engane.
E eu sei bem do que você é capaz, e tenho medo disso. Tenho
medo de entrar nesse turbilhão de cores que é você. De entrar, não poder mais
sair, me enganar, me perder, me arrepender. Eu sei bem quem é você. Você sou
eu, Sagitário. Você sou eu porque eu também sou Sagitário. Sagitário tem disso.
Tem necessidades de doses cavalares de vida todos os dias. Mas Sagitário não
quer só viver. Quer um viver mais-que-perfeito. Então, você que é pura
liberdade, vai de encontro aos meus dias de rotina cinzentos. Mas você passa. E
eu, eu tenho que ficar.
Andressa Virgínia