segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

As Margaridas.

"Há uma canção de amor deles que diz também monotonamente o lamento que faço meu: por que te amo se não respondes?"
Clarice Lispector


No jardim do palacete onde acontecia o baile, estávamos sós. E aquele abraço aveludado se estendeu por um longo tempo. Afinal era um abraço que estava guardado há dez longos anos. Dez infinitos anos.
Palavras não caberiam naquele momento. Só sensações.
Abraça-lo novamente depois de tantas lágrimas, era como abrir os braços diante do mar. Era sentir a liberdade das asas do pássaro. Era como ser o sol de toda manhã.
Teus largos ombros de cavalheiro, tua fronte tão branca, teu perfume despertador. Foi assim que me viestes; majestoso, perigoso e impetuoso. Sim, não havia sinais de perdão em teu olhar. E eu saberia os motivos disso muito em breve.
Com voz embargada, olhos chorosos, ele segurou minhas mãos fortemente;
- Temos pouco tempo. Vamos embora, vamos agora! Trouxe as malas?
- Davi! Não acredito! É você! Estou tão feliz! Mas antes devo lhe falar... as coisas mudaram Davi, minha vida mudou. Não podemos só abandonar tudo... há coisas que eu tenho que resolver!
- Resolver? Amélia! A carruagem está lá fora, as passagens de navio já estão compradas! E você quer resolver seus problemas? 
- Você acha que fugir para Portugal vai resolver todos os nossos problemas? Olhe em volta Davi! Estamos em um baile, meus pais estão aqui... e há uma coisa que devo lhe dizer; estou noiva. - E somente essas palavras o puderam paralisar.
De repente ele soltou minhas mãos, com rapidez segurou as lágrimas que estavam por rolar, sua expressão havia mudado, e novamente eu sentia em seu olhar ares de desconcerto, vingança talvez.
- Noiva. Vejo que Margarida não perdeu tempo. Deixe-me adivinhar... Heitor! Heitor com certeza! O jovem mais cobiçado da elite cearense! Sua mãe de fato conseguiu o que queria!
- Não envolva minha mãe aqui! Ela nem sabe que você chegou! E nem pode se defender de seus abusos!
- Tudo bem Amélia. Não falarei mais. A decisão está com você. Você tem somente esta noite e o dia de amanhã para se decidir. As passagens estão marcadas para depois de amanhã. - e de repente virou-se caminhando rapidamente para uma saída que existia mais aos fundos do jardim.
- Aonde você vai! Ainda precisamos conversar! – gritei.
- Amélia, sinceramente, eu não suportaria estar em um local com a presença de Margarida e Heitor juntos, isso me faria vomitar no salão.
E assim ele desapareceu. E eu fiquei só. Só entre as margaridas.


domingo, 30 de janeiro de 2011

A Carta.

"Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito."
Clarice Lispector


Lisboa, 10 de novembro de 1900.
Dona,

Primeiramente desculpe essas minhas linhas distorcidas. Nesse momento estou lhe escrevendo, mas não consigo segurar as lágrimas que me chegam. Sei que há tempos nos perdemos por entre caminhos, que nos levaram a realidades tão diferentes. Mas hoje, especialmente, imploro seu perdão.
Minha cara! Como as coisas mudaram! Lisboa cada dia anda mais florida. Sabe,  de minha alcova, sempre consigo enxergar um campo de girassóis. Pela manhã eles brilham... até mais que o sol... como os cachos dourados dos teus longos cabelos. Ah, como eu queria que você pudesse ter essa mesma visão!
A vida aqui não é fácil. Os estudos andam bem rigorosos. Mas você sabe o quanto sonhei em ser médico! E eu sinto, no fundo da minha alma, que todo esforço feito hoje, no futuro, valerão belos frutos; eu espero sinceramente poder compartilhar isso tudo com você.
Dona sinto sua falta! A cada pôr-do-sol, a cada manhã, a cada noite de luar... meus pensamentos nunca saiam de perto de ti.
Sei que sumi. Sei que nós sumimos... mas estou disposto a jogar tudo isso ao ar e voltar a Fortaleza. Por isso lhe escrevo; quando você estiver lendo essa carta eu já estarei em um navio de volta para casa ou até já estarei bem perto de ti, estou retornado ao meu lar... de onde eu nunca deveria ter saído.
Dona eu já não aguento mais. Preciso te encontrar novamente. Já ficamos separados tempo demais. Por isso te lanço uma proposta; vamos fugir de tudo isto que nos atormenta! Agora em definitivo e sem volta. Portugal será nosso novo lar! Casaremos assim que desembarcarmos! Longe de todos, de meus pais, dessa sociedade amarga que diz ter os melhores valores! Será definitivamente uma nova vida! Não se preocupe com sua nova casa... já encontrei um belo lugar para vivermos o resto do verdadeiro inicio de nossas vidas, é pequeno, mas sei que você não se importa com luxos. O que importa é o jardim, um lindo jardim que existe na casinha... cuidaremos dele juntos!
Já soube que haverá um baile de máscaras por esses dias. E essa será a oportunidade perfeita! Conto com a sorte de Alfredo nessa empreitada, seu pai não vai lhe deixar falhar...
Você vai me reconhecer minha Dona... não se preocupe. Não importa quantas máscaras possam cobrir o meu rosto, os olhos de quem se ama são sempre os mesmos; sempre reconhecíveis!


Até breve Minha Dona... minha flor.
Davi Porto.



sábado, 29 de janeiro de 2011

A Cabeceira.

"O que tem de ser, tem muita força."
Guimarães Rosa

Naquela manhã eu havia recebido a sua carta. A sorte foi que meu pai a recebeu pelo carteiro, não minha mãe. Se ela tivesse ao menos tocado no envelope, naquela noite eu não sairia ao baile. 
Existem relacionamentos entre mãe e filha que são difíceis de entender. E é melhor que ninguém entenda mesmo. 
A maioria das pessoas enxergam relacionamentos assim como cheios de cores e doçuras. Eu não. E por mais que com palavras duras, minha mãe me machucasse, eu a amava. Amava com todo fervor que pudesse existir, talvez esse seja o motivo de tanta incoerência nesses meus pensamentos.
E além de tudo e todos em meu pai eu confiava a minha alma! Sem me pedir nada em troca, ele me ensinava sabedorias para a vida inteira. Existia em seus olhos palavras indefiníveis, que ao final da tarde, eram como mistérios semi-revelados, presentes concedidos apenas a mim. Portanto não me dedicarei a falar sobre meus pais, eles são apenas peças de xadrez de um jogo entre adversários.
E foi através de uma dessas palavras sem definição de meu pai que a carta de Davi foi parar na mesa de cabeceira do meu quanto, bem cedo, assim que eu acordava. Com certeza eu nunca saberei como aquela carta caiu nas mãos de papai, e acho que nem isso me interessava tanto. Ao acordar, meu pai estava sentado na cadeira da minha escrivaninha esperando que eu terminasse de despertar.
“- Boas novas minha flor. Trouxe boas lembranças para você.” – Disse ele calmamente.
Meio sonolenta, e sem entender absolutamente nada, ele faz sinal para que eu me voltasse à mesa de cabeceira.
E enquanto eu me voltava à mesa de cabeceira, meu pai se levantou e saiu. Mas pude ver em seus olhos; a decisão enfim havia chegado. Cabia só a mim dar uma resposta final. Pela primeira vez pude sentir o futuro nas mãos. 



sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

No Jardim.

"Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois? Dificílimo contar. Olhei pra você fixamente por instantes. Tais momentos são meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isto de estado agudo de felicidade."
Clarice Lispector

Confesso que quando Heitor permitiu-me sair ao jardim meu coração saltou de felicidade e alivio. Agora que eu estava sozinha no jardim, e somente alguns casais estavam a caminhar tão distraídos, que nem podiam sentir a minha presença. Então, só que me restava era torcer para que mamãe não me visse também ali sozinha. Seria um interrogatório que eu não estava nem um pouco com vontade de presenciar. Tudo que minha mãe queria era que eu me casasse logo com Heitor, nada mais.
Caminhei entre os casais e pude enfim me afastar das vistas perigosas de minha mãe. Na verdade nem eu sabia para onde estava caminhando, sabia que algo me levava algo me atraia para aquele local como um imã.
E lá, no fim do jardim, próximo do canteiro de margaridas ele estava.
O reconheci por seu perfume. Seu dorso de cavalheiro. Sua presença magistral e misteriosa, e,  que no entanto, eu e ele já éramos velhos conhecidos... conhecidos de longas datas.
Na manhã daquele mesmo dia, eu havia recebido a sua carta. Depois de quase 10 anos. Depois de tantas lágrimas de saudade, depois de tantos sonhos...
Era Davi. Ele retornara.
Paralisei-me, e em devaneios de lembranças, de um passado que nunca esqueci, uma onde de calor percorreu-me o corpo. Era ele. Ele retornara. Como se o passado ressuscitasse de sua cova e viesse como uma assombração me atormentar. Um tormento que eu tanto esperei, desejei com toda força da minha alma.
Ele virou-se lentamente, como se já previsse todos os meus passos, como se lesse meus pensamentos mais íntimos. E enfim, ali sim, sob as luzes do jardim e da lua, puder ver que seu rosto ainda continuava belo; os olhos castanhos eram os mesmos da nossa infância e o brilho dos seus cabelos ainda continuava ali. Uma beleza que poucos tinham, era diferente de tudo que havia visto. Era ele enfim. Somente ele poderia me fazer sentir aquilo que eu sentia naquele instante.
- Quanto tempo Amélia... quanto tempo faz, dez anos? – falou ele, e as suas palavras pesavam. Eram como pedras em minhas costas.
- Dez infinitos anos. – respondi vacilante e envergonhada.
- Pois agora, minha Dona, não perderemos mais tempo.
E abraçou-me. Um abraço aveludado, intenso... um abraço que eu sentia que era só meu, um abraço que guardamos depois de tanto tempo.




quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Entre apertos de mão.

"Amada! onde te deixas, onde vagas... Entre as vagas flores?"
Vinicius de Moraes


E lá estava eu. Sem saber o que de fato me acontecia, só sabia que agora Heitor estava ao meu lado e que haviam uma porção de mãos a se cumprimentar. Só depois de alguns minutos, pude situar-me de tudo a minha volta.
"- Amélia, Amélia querida! Um tostão por seus pensamentos!"
E todos os amigos presentes sorriram, e eu também não pude disfarçar o riso, riso amarelo, confesso, mas ainda assim foi um riso.
Heitor sempre tinha o dom de me fazer sorrir, tanto na escola, como na vizinhança e nas brincadeiras da infância. É fato que nos conhecíamos desde as fraldas e seria um fato também que futuramente estivéssemos casados. Esse sempre foi o desejo das nossas famílias. E assim o seria, e eu também queria que assim fosse. E no auge dos seus 25 anos, sua profissão de advogado já estava bem estabilizada, e a essa altura do campeonato, boas propostas de trabalho e amigos influentes não lhe faltavam. Nos principais jornais da cidade não faltavam elogios da critica e grandes promessas da nata da elite social de Fortaleza. E ele era uma promessa, eu sabia disso.
O que eu não sabia era que eu não me considerava uma promessa. Sempre fui desajeitada e desastrada demais com a vida; parece-me que nunca a tive por completo. Cresci sentindo que me faltava algo, por isso durante toda a minha caminhada descarregava os meus desafetos, mágoas, alegrias e pensamentos na música. O piano era com toda certeza meu melhor amigo; fiel de todas as horas. A boa educação, as boas festas de minha época, as amigas influentes... isso nunca me completou. Eu era e ainda sou uma peça perdida de um quebra-cabeça qualquer.
"- Heitor, estou ainda um pouco ofegante, vou ao jardim. Você me acompanha?"– sussurrei em seu ouvido, esperançosa de que poderíamos enfim respirar um ar mais fresco, longe de tantas mãos.
"- Amélia, infelizmente não posso ir. Você não vê? Quantas pessoas nesse baile! Será uma ótima oportunidade de firmar mais parcerias, gostaria muito de acompanha-la, minha querida, no entanto, você pode ir! Em seguida eu a encontrarei." – e aquele sorriso amarelo ainda não havia saído do meu rosto.
"- Tudo bem.  Eu o encontro mais tarde."
Heitor sabia o quanto conversar sobre negócios me irritava. Ele sabia mais de mim do que eu mesma poderia entender.
Ao caminhar pelo jardim, ao sair do meio da confusão de tantas pessoas, pude enfim reorganizar as ideias. Eu nunca me sentia muito bem em lugares barulhentos, fechados e com pessoas desinteressantes, mas eu queria muito estar ali naquela noite. Eu queria estar ali, porque ele havia retornado.



quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ainda no salão.

"Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu."
Clarice Lispector
 
Eu sempre soube muito bem lidar com sentimentos torpes que por vezes vinham me visitar. Os chamava carinhosamente de “apaixonites”, papai sempre dizia que era gripe de amor, e que era só sentar e tomar um bom chá que ela passava. No entanto, eu pressentia que somente uma xicara de chá não iria curar-me e que ia ser bem difícil lidar com que estava por vir. Estava sempre rodeada de gente, mas era como se eu fosse surda, as vozes em meus pensamentos não podiam se complementar, nem nos meus pensamentos, muito menos fora deles.
Ainda por cima, eu tinha dificuldades em olhar para você. Além de me deixar surda, a visão dele em meus olhos cegavam meus pensamentos. Há em ti, portanto, ares de hipnose. Sentimentos fluidos talvez, ou simplesmente alucinação.
Após a dança ele sumiu da minha visão, do meu olfato. Já não conseguia sentir teu perfume instigante. Estava só novamente. Bem, realmente só eu não estava, meu noivo enfim havia chegado ao baile, estava atrasado como sempre, mas eu nem ligava mais, seus atrasos eram tão dele, que já estavam impregnados nas roupas que usava.
“- Amélia, Amélia! O que faz aí no meio do salão meu amor?”
Acordei do transe enfim, não estava mais surda. Os sentidos haviam retornado. Sai cambaleante ao seu encontro.
“- Desculpe o meu atraso, mamãe novamente estava indisposta, e até agora eu procurava um médico. Onde estão seus pais? Preciso apresentar-lhes uns amigos influentes!”
E sai arrastada por Heitor, cambaleante, mas com o coração mais leve.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A Dança.

"Minha fantasia ultrapassa tua dança e a miúda sede do teu corpo não passa de veículo mecânico, alheio, involuntário do divino ou demoníaco"
Caio Fernando Abreu



O Baile era de máscaras, o ano era 1900, e meu coração disparava ao olhar a sacada do palacete e me deparar com a sombra daquele que eu tanto esperava. Era ele enfim, com todo esplendor e brilho, perfume exalando, era cheiro de novas conquistas.
E ali eu estava sozinha a sonhar com um moço como aquele. Não, eu não queria mais estar com mais ninguém, porque ninguém me fazia sentir o que naquele momento eu sentia.
Eu sabia, que entre as tantas moças da festa, seu olhar, nunca compartilharia com o meu, um mesmo horizonte. Por isso sozinha eu estava, só a te observar, a ver teu dorso de cavalheiro a desfilar pelo salão. As máscaras de todos ganhavam vida e compartilhavam do mesmo espanto, pois nunca uma criatura tão graciosa e elegante, como o voar da águia, havia pousado por ali.
De repente, não mais que isso, um calafrio afrontou-me a espinha, ouvi teus passos na minha direção, ouvi meu coração, que batia tão alto quanto teus passos em meus ouvidos. Era você. Só você, que me fazia sentir daquela forma.
E num devaneio, tiraste-me para dançar.
E dancei, dancei... só disto pude dar-me conta. Voei contido nas valsas de nossa época. Dançamos. Ouso em dizer; flutuamos. Não existia mais ninguém naquele salão, só eu, você e a música que nos embalava como criança em colo de mãe. E o meu olhar era só teu. E eu não tinha mais domínio sobre os meus pensamentos, nem sobre o meu corpo, que você guiava tão perfeitamente pelo salão.
E esse foi o inicio. Era só o inicio.





segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Revirando as gavetas da minha Psicologia!

TRANQUILIDADE INTENSA*

Andressa Virgínia Mesquita Pinto

Preocupa-me a inconveniência da vida ser algo tão passageiro e tão intenso. Para mim ela devia ser algo que possamos saborear com cuidado, passageiro sim, mas leve e delicado, para que possamos entender seus mistérios e seus segredos. Diz-se ainda que o grande evento da vida seja a morte. Quão bom seria se pudéssemos assisti-la de perto, conversar com ela. Mas nada mais importa se somos obrigados a correr contra o tempo. Viver na intensidade! O mundo contemporâneo só nos tem dado isso de presente a humanidade.
Essa intensidade é tão passageira quanto à tranquilidade de um dia nublado. Ressalto que a vida poderia ser mais lenta, ou que nós poderíamos ter um “controle remoto” para podermos avançar na intensidade, ou levitar na tranquilidade. Tranquilidade este que me remete aos eventos da infância, onde uma rede armada nas árvores do quintal era a minha maior alegria, onde as redes sociais da Internet não me tomavam tanto tempo e onde vejo minha irmã de dez anos passar mais de seis horas na frente do computador enquanto há tanta vida lá fora. E se fosse para ser assim os eremitas que vagueiam sem rumo esse mundo tão enorme ou os sertanejos que teimam em morar nas profundezas do nosso interior, são de fato pessoas sortudas, pois ainda apreciam a natureza, ainda para ver um pôr-do-sol digno de aplausos.
Todo esse meu desabafo escrito acima veio do incomodo que senti depois que assisti ao filme “Harold and Maud” em que divinamente os ensinamentos de vida passados são a minha grande inspiração para este ensaio vivencial. Confesso que inicialmente achei estranha a proposta do filme, principalmente as diversas tentativas de suicídio de Harold, mas quando a personagem (que é uma figura, diga-se de passagem!) Maud entra no contexto do filme, tudo passa a ter um sentido especial e aí passamos a compreender tudo, e tudo se encaixa perfeitamente.
Os personagens têm “idades trocadas”. Enquanto um é muito jovem fisicamente, mas com uma mentalidade antiga e sem perspectivas de futuro, a outra é bem mais velha fisicamente mas com um fervor jovial de dar inveja a muitos de nós jovens.
A vida passou rápido para Mead. Mas ela conseguiu enfim realizar todos os seus objetivos tendo total controle de tudo que se passava, parecia que ela tinha o tal “controle remoto” conseguindo sim viver na tranquilidade e ter uma morte serena, mesmo suicidando-se.
Bem é falado, na Teoria Centrada no Cliente o quanto a expressão dos sentimentos é importante na terapia.
Como terapeuta, eu não encorajo a “autocomiseração” ou a “confiança” e nem “reforço” [...]. Encorajo a livre expressão de todos os sentimentos. Minha atitude No é paternalista, nem sentimental, nem superficialmente sociável ou agradável – eu não estou representando um papel. Minha atitude é aberta, positiva, desprendidamente calorosa, sem reservas e sem avaliações. Eu aceito o que é. (WOOD: JOHN, 1994. p.207)
A proposta humanista muito se assemelha a visão transmitida pelo filme. Deixar que em ambiente terapêutico o cliente “esvaziar” os seus sentimentos para que junto ao terapeuta procurar uma saída mais eficiente ao problema exposto.
Ao mesmo tempo eu compartilho como autor o exemplo citado por ele, da aflição de seu estagiário em lidar com situações tão delicadas, que são as situações de “entrar” nos pensamentos de uma pessoa em clima terapêutico. Quem sou eu para ajudar uma pessoa? Porém tenho fé e acredito na força da vida. E tenho certeza que preocupações como esta não mais vão me atingir.
Foi uma grande satisfação poder compartilhar através desses ensaios vivenciais as minhas ideias com você professor. Sinto-me honrada e muito agraciada por saber que você lê não só os meus textos, mas o de toda a turma a fim de nos auxiliamos no melhor caminho a seguir, nessa longa jornada que é o estudo da Psicologia!
Que possamos viver intensamente essa tranquilidade que nos afeta e nos conduz a campos mais férteis, onde a mente e a subjetividade de cada um constrói e desconstrói tudo que vivenciamos!


[1] Estudante de Graduação em Psicologia da UFC – Campus Sobral. Email: andressa.virginia01@yahoo.com.br




*Ensaio Vivencial da Disciplina de Subjetividade I - Professor Carlos Roger 

domingo, 16 de janeiro de 2011

Coisas de Flor Bela...

Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
é condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
 
Florbela Espanca

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Dor.

Autopsicografia

                                    O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração.

 Fernando Pessoa



Todo artista sente dor. É uma dor que não se explica apenas se senti. E uma vez sentida nunca acaba... é uma dor perseguidora que atinge o intimo da sua alma e lá se aloja como um parasita. É uma dor inflamada, latejante... ouso até em dizer que essa dor sentida, é viciante.
“Seus sinais, sintomas interferem no comportamento do individuo durante toda sua vida” – disse um médico ao olhar a face colorida do palhaço.
“É vírus? Bactéria?” – perguntaram aflitos os repórteres que entrevistavam o médico.
“Nada disso meus caros, a dor que os artistas sentem, é a dor dos APLAUSOS!”
Essa dor, viciante, aguda e interminável... são os aplausos tão procurados... que como droga elevam o artista a apoteose divina. Elevam ao patamar de deus-humano. É o que eles buscam, a perfeição. 







quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Um versinho, uma música e um coração.

"É o que me faz ser brilhante!
é o que chama meu coração!
Aquilo que arde e flameja...
Em pequenos versos inacabados
cantar essa dor se ser inacabada!
De ser autêntica
E de ser feliz."







"Baby you're a firework
Come on let your colors burst
Make 'em go "Oh, oh, oh!"
You're gonna leave 'em fallin' down-own-own
Maybe you're reason why all the doors are closed
[...]
So you could open one that leads you to the perfect road
Like a lightning bolt, your heart will blow
And when it's time, you'll know"
 

só para iluminar uma tarde nublada.

#feliz2011 :D