sábado, 3 de março de 2012

Carta a um amigo distante.

Caro amigo,

Quando Abril chegar, quero que chegues também. É chegada a hora de estreitar os laços, e ouvir as vozes. Há muito mais distancia entre nós, do que um dia eu pude supor. E a quilômetros também. Muitos. Se a vida tem sido complicada, saibas que não estás completamente solitário nessa jornada. E se a vida é de fato, complicada, saibas também, que não fizeste esta descoberta sozinho. A vida está sendo complicada para todos. No entanto, caro, há momentos em que devemos celebrar. E não há graça nem beleza celebrar emudecido. Por isso eu quero que venhas logo. Mesmo que, para que tu possas vir, demore uns dias, talvez semanas.
Penso, que na tua jornada de volta, possas enxergar muita névoa no caminho. É normal. É necessário vencer a escuridão de uma noite triste, para que o sol possa brilhar novamente. Também entendo que tu possas vir com várias cicatrizes, de outrora. De anos na distancia, de quilômetros que nunca foram vencidos, mas aqui, caro amigo, há pessoas dispostas a ajudar e a contar tuas cicatrizes, para que juntos as coloquemos em papel.
Mas para que tu possas vir em paz, é preciso que venhas desarmado. Não existe rancor deste lado. E a única pessoa capaz de estagnar tua evolução és tu mesmo. As palavras já foram ditas, e uma vez ditas, jamais retornam. Por isso, para que tu inicies teu retorno, é necessário que venhas sem malas, sem pesos, sem documentos. Existe algo muito peculiar nas tomadas de decisões. Por mais que escutemos as vozes alheias, no final, a decisão é unicamente tua, e de mais nada adiantará as opiniões de outros. Mesmo assim, caro amigo, quero que retornes. Cedo, ou tarde. Hoje ou amanha. Porque não importa mais o que o rio já levou. Novas águas sempre limpam antigas pedras. E o que mais me importa, nesse instante, é saber que Abril chegará, e tu também.

De outro, que muito te estima.

Andressa Virgínia