segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Revirando as gavetas da minha Psicologia!

TRANQUILIDADE INTENSA*

Andressa Virgínia Mesquita Pinto

Preocupa-me a inconveniência da vida ser algo tão passageiro e tão intenso. Para mim ela devia ser algo que possamos saborear com cuidado, passageiro sim, mas leve e delicado, para que possamos entender seus mistérios e seus segredos. Diz-se ainda que o grande evento da vida seja a morte. Quão bom seria se pudéssemos assisti-la de perto, conversar com ela. Mas nada mais importa se somos obrigados a correr contra o tempo. Viver na intensidade! O mundo contemporâneo só nos tem dado isso de presente a humanidade.
Essa intensidade é tão passageira quanto à tranquilidade de um dia nublado. Ressalto que a vida poderia ser mais lenta, ou que nós poderíamos ter um “controle remoto” para podermos avançar na intensidade, ou levitar na tranquilidade. Tranquilidade este que me remete aos eventos da infância, onde uma rede armada nas árvores do quintal era a minha maior alegria, onde as redes sociais da Internet não me tomavam tanto tempo e onde vejo minha irmã de dez anos passar mais de seis horas na frente do computador enquanto há tanta vida lá fora. E se fosse para ser assim os eremitas que vagueiam sem rumo esse mundo tão enorme ou os sertanejos que teimam em morar nas profundezas do nosso interior, são de fato pessoas sortudas, pois ainda apreciam a natureza, ainda para ver um pôr-do-sol digno de aplausos.
Todo esse meu desabafo escrito acima veio do incomodo que senti depois que assisti ao filme “Harold and Maud” em que divinamente os ensinamentos de vida passados são a minha grande inspiração para este ensaio vivencial. Confesso que inicialmente achei estranha a proposta do filme, principalmente as diversas tentativas de suicídio de Harold, mas quando a personagem (que é uma figura, diga-se de passagem!) Maud entra no contexto do filme, tudo passa a ter um sentido especial e aí passamos a compreender tudo, e tudo se encaixa perfeitamente.
Os personagens têm “idades trocadas”. Enquanto um é muito jovem fisicamente, mas com uma mentalidade antiga e sem perspectivas de futuro, a outra é bem mais velha fisicamente mas com um fervor jovial de dar inveja a muitos de nós jovens.
A vida passou rápido para Mead. Mas ela conseguiu enfim realizar todos os seus objetivos tendo total controle de tudo que se passava, parecia que ela tinha o tal “controle remoto” conseguindo sim viver na tranquilidade e ter uma morte serena, mesmo suicidando-se.
Bem é falado, na Teoria Centrada no Cliente o quanto a expressão dos sentimentos é importante na terapia.
Como terapeuta, eu não encorajo a “autocomiseração” ou a “confiança” e nem “reforço” [...]. Encorajo a livre expressão de todos os sentimentos. Minha atitude No é paternalista, nem sentimental, nem superficialmente sociável ou agradável – eu não estou representando um papel. Minha atitude é aberta, positiva, desprendidamente calorosa, sem reservas e sem avaliações. Eu aceito o que é. (WOOD: JOHN, 1994. p.207)
A proposta humanista muito se assemelha a visão transmitida pelo filme. Deixar que em ambiente terapêutico o cliente “esvaziar” os seus sentimentos para que junto ao terapeuta procurar uma saída mais eficiente ao problema exposto.
Ao mesmo tempo eu compartilho como autor o exemplo citado por ele, da aflição de seu estagiário em lidar com situações tão delicadas, que são as situações de “entrar” nos pensamentos de uma pessoa em clima terapêutico. Quem sou eu para ajudar uma pessoa? Porém tenho fé e acredito na força da vida. E tenho certeza que preocupações como esta não mais vão me atingir.
Foi uma grande satisfação poder compartilhar através desses ensaios vivenciais as minhas ideias com você professor. Sinto-me honrada e muito agraciada por saber que você lê não só os meus textos, mas o de toda a turma a fim de nos auxiliamos no melhor caminho a seguir, nessa longa jornada que é o estudo da Psicologia!
Que possamos viver intensamente essa tranquilidade que nos afeta e nos conduz a campos mais férteis, onde a mente e a subjetividade de cada um constrói e desconstrói tudo que vivenciamos!


[1] Estudante de Graduação em Psicologia da UFC – Campus Sobral. Email: andressa.virginia01@yahoo.com.br




*Ensaio Vivencial da Disciplina de Subjetividade I - Professor Carlos Roger 

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