sexta-feira, 22 de abril de 2011

Vômitos

Certamente você não vai poder me dizer. Não adianta. Sabe por quê? Porque no reflexo do espelho as pessoas vêem um gigante violento, mas, que no seu infinito devaneio não passa de uma criança órfã de afeto. Sem afeto e afetada. Cheia de transtornos, bipolar de conhecimento. Nascida da confusão das pessoas.
As palavras faladas são voláteis demais. Soltas fazem estragos. É melhor, companheiro que tu me digas, sem rodeios, enfim, o que se passa na tua alma perturbada de gente. Mas se puderes escolher, escreve. Porque é na escrita que tua aura grita e brilha.
Caro, a palavra escrita é visceral. É vomitada. Sai de dentro, em força de vulcão. E você nem pode querer segurar. A todo instante vômitos de poesias fogem por entre os dedos das mãos. Uso de vômitos porque são expressivos, fortes e violentos, sem explicação por vezes.
E tu me perguntas, então, o propósito disto. Responder-te-ei, caro. Não há propósito algum. E se houver, marcaremos um dia de domingo à tarde para tomar chá. Pois é só nos domingos que me permito pensar.


Andressa Virgínia 

 

2 comentários:

  1. Tocante, de tal forma que faz a gente sentir cada palavra, cada batimento ...
    Eu compartilho dos mesmos instantes de fluidez que provova o vômito, e como dói contrair as vísceras nesse momento.

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  2. Obrigada minha querida. Compartilhamos então dessa mutação volátil que é a criação do escrever!

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