terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A Dança.

"Minha fantasia ultrapassa tua dança e a miúda sede do teu corpo não passa de veículo mecânico, alheio, involuntário do divino ou demoníaco"
Caio Fernando Abreu



O Baile era de máscaras, o ano era 1900, e meu coração disparava ao olhar a sacada do palacete e me deparar com a sombra daquele que eu tanto esperava. Era ele enfim, com todo esplendor e brilho, perfume exalando, era cheiro de novas conquistas.
E ali eu estava sozinha a sonhar com um moço como aquele. Não, eu não queria mais estar com mais ninguém, porque ninguém me fazia sentir o que naquele momento eu sentia.
Eu sabia, que entre as tantas moças da festa, seu olhar, nunca compartilharia com o meu, um mesmo horizonte. Por isso sozinha eu estava, só a te observar, a ver teu dorso de cavalheiro a desfilar pelo salão. As máscaras de todos ganhavam vida e compartilhavam do mesmo espanto, pois nunca uma criatura tão graciosa e elegante, como o voar da águia, havia pousado por ali.
De repente, não mais que isso, um calafrio afrontou-me a espinha, ouvi teus passos na minha direção, ouvi meu coração, que batia tão alto quanto teus passos em meus ouvidos. Era você. Só você, que me fazia sentir daquela forma.
E num devaneio, tiraste-me para dançar.
E dancei, dancei... só disto pude dar-me conta. Voei contido nas valsas de nossa época. Dançamos. Ouso em dizer; flutuamos. Não existia mais ninguém naquele salão, só eu, você e a música que nos embalava como criança em colo de mãe. E o meu olhar era só teu. E eu não tinha mais domínio sobre os meus pensamentos, nem sobre o meu corpo, que você guiava tão perfeitamente pelo salão.
E esse foi o inicio. Era só o inicio.





2 comentários:

  1. Se ele a chamou para dançar. E aquele sonho tornara-se realidade.. então, muitas águas ainda vão rolar. *-*
    Me conta tudo depois ;D

    ResponderExcluir