Porém, este texto não é só construído de uma lamentação histérica. Devo dar a outra face para a potência que é ser psicóloga. Atrás destes baixos salários, desta carga de trabalho exorbitante repousa tranquila a força de uma profissão que elege para si a compreensão do imperfeito, do que não pode ser explicado, por aquilo que foge à medicina e a ciência da exatidão. A psicologia anda na contramão. É revolucionaria. Ela não deve ter religião, cultura, partidarismo ou gêneros. Pois ela pode transitar tranquilamente entre todas as culturas, todas as religiões, procurar compreender quaisquer formas de posicionamento partidário e não favorecer gênero algum.
Eu posso enxergar um futuro brilhante para esta profissão. Uma formação que se inicia nos bancos universitários e jamais termina porque jamais nos escapa a falta, o buraco, o não-saber. No entanto, temo que esta pode ser destruída pela ganancia daqueles eu exigem uma produção, exigem horários grandiosos de trabalho, exigem milagres. Esta profissão é para quem suporta o indizível, o insuportável, aquilo que ninguém mais acredita. Ela não é mensurável, quantificável. Ela é o que é; equivoca e linda.